Corpus mea, regula mea

Olá, para todos vocês!! Sim, o título foi escrito em latim não é um erro de digitação. Nosso debate de hoje será sobre a doação de órgãos pelos brasileiros. O leitor sabe exatamente como funciona? Sabe quais são as regras e qual a legislação envolta nesse assunto? Pois bem, vamos todos juntos nessa estrada de tijolos amarelos do conhecimento e evitar, com a máxima educação possível, que nós mesmos ou outras pessoas falem bobagens.

O Brasil, como nação soberana, possui um Sistema Único de Saúde (SUS) que merece a maior quantidade possível de aplausos. Independentemente de suas falhas, causadas pelos seus gestores, parlamentares e lobby nocivo de empresas e planos de saúde, o SUS segue sendo um exemplo para o mundo. Recentemente o apresentador Faustão precisou de um transplante de coração. Mas Dr. Rodrigo, ele furou a fila. Passou na frente de outras pessoas! Calma, calma meu estimado leitor. Não é bem assim que a banda toca. Faltou a quem assumiu essa postura crítica entender as regras do jogo. E elas são muito bem definidas e claras. Segue aí a leitura e grave as informações e passe adiante.

De acordo com a Central de Transplantes do Estado de São Paulo, onde reside o apresentador e foi realizada a cirurgia, ele ocupava o segundo lugar na fila. Contudo, quem estava em sua frente recusou o órgão doado e esse coração e qualquer outro deve ser transplantado o mais rápido possível. A fila para quem deseja receber uma doação é única e existem “n” fatores como idade, peso, tipo sanguíneo (já viu alguém colocar Etanol num carro que só pode receber gasolina?), a gravidade do caso também é fator crucial. Nesse caso específico devemos comemorar o sucesso da cirurgia. Uma vida pode ser salva e isso é algo que deveria nos alegrar, afinal, o Homem é um ser social já dizia Aristóteles. Agora que já passamos pelas explicações de que não houve essa bobagem de “fura fila” vamos colocar alguns números aqui.

Entre 2012 e 2023, registrou-se 3.095 pessoas que receberam um novo coração. Desse total, 71% conseguiram superar o primeiro ano de doação e 59% avançaram por mais de 5 anos. O leitor deve estar se perguntando por que nessa década que serviu de exemplo somente pouco mais de 3 mil cirurgias foram realizadas. E a explicação é muito simples: a falta de políticas públicas de incentivo a doação, a falta de um calendário de campanha efetiva e massiva para auxiliar a todos os cidadãos sobre a importância da doação. Quando foi a última vez que você foi doar sangue? Nesse contexto, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS), do Senado Federal, aprovou no último dia 20 o Projeto de Lei nº 2.839/2019 que fala sobre Política Nacional de Conscientização e Incentivo à Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos. O PL, caso sancionado, deverá receber o nome de Lei Tatiane Penhalosa que foi uma mulher que aguardou longos 2 anos por um transplante de coração. Ela faleceu aos 32 anos.

Portanto, meu amigo leitor, reflita sobre a doação de sangue, órgãos e tecidos. É importante termos esse debate como sociedade que, se espera ser mais justa e igualitária, deve abraçar com entusiasmo a doação. Como diria Faustão após a cirurgia “Não é porque eu tenho dinheiro que estou bem. Tudo isso que eu fiz também é feito no SUS, e isso precisa ser valorizado. É importante que todos se informem sobre, e essa será agora a minha missão!”. Vamos juntos?