Quando tiver sessenta

Olá, para todos vocês!! Junho já está quase em seu final. Um mês que passou correndo com a mesma velocidade e pressa dos jovens. Mês esse que faz parte de um ano em que muitos aprendizados foram colocados na mesa e que nos farão mais sábios, como os velhos, em nossa jornada nesse mundo, nesse plano, nessa realidade. E falar acerca de novos e de velhos é saber que a melhor idade, a idade idosa precisa e necessita sempre mais reflexões sobre como cuidamos dos nossos amados grisalhos.

O título de nossa conversa hoje é o mesmo que nomeia uma linda canção da banda Rosa de Saron em que parte dela diz assim “Quando tiver sessenta que os meus olhos funcionem bem. E eu, estando só, busque os meus netos na escola. Que seus sorrisos me lembrem que eles são a fortuna que acumulei!”. Esse pedaço de poesia serviria, por exemplo, para tecermos considerações sobre a violência patrimonial contra idosos e que tem previsão em lei. O leitor sabia disso? Lá no Estatuto do Idoso, no seu artigo 102 a redação diz “Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento da pessoa idosa, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.”. E nesse assunto os números são bastantes ruins, isto é, de acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) aa maiores vítimas das violações aos direitos humanos são as pessoas idosas. Nesse levantamento realizado soubemos que no período entre janeiro e primeira semana de julho de 2022 foram registradas mais 44 mil denúncias. A-b-s-u-r-d-o!! E ainda mais, desse total, 12 mil denúncias estão atreladas à violência patrimonial ou financeira dirigidas a pessoas com 60 anos ou mais (54,8%), seguido de mulheres (28,2%) e crianças e adolescentes (6,7%). Realidade cruel…

Outro trecho da música que dá nome ao nosso bate papo é que “Nossas visitas ao asilo sejam apenas para ver os quadros dos que lá moraram. Porque os meus amigos estarão comigo, jogando suas redes no rio. Proseando sobre como a nostalgia sempre esteve em alta com anos de atraso.”. Aqui podemos falar sobre o envelhecimento de nossa população brasileira que acaba, por óbvio, gerando um aumento expressivo de internações em asilos e casas de repouso. No último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considerou dados apurados em 2022, chegou-se a um total de 10,9% da população nacional com idade 65 anos ou mais. Isso equivale a um número da ordem de 22.169.101 de pessoas. E quando se coloca o número referente aos com e acima dos 60 anos temos 15,9% correspondente a 32.113.490 de pessoas. É bom sabermos todos que existem no país a Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) cuja finalidade funcionar como residência permanente voltada para idosos em situação de vulnerabilidade social (risco pessoal e social, como fragilidade de vínculos familiares, negligência, abandono, violência física, psicológica ou econômica). Também existe o Centro-Dia que é voltado para pessoas que dependem de cuidados para a realização de suas atividades diárias, que tiveram suas limitações agravadas por violações de direitos (isolamento social, confinamento, falta de cuidados adequados, alto grau de estresse do cuidador familiar).

Uma outra parte da música que nos serve de referência é que “Perceberemos que são os nossos irmãos que estão ali com frio na rua. Enquanto permanecemos aqui salvos e aquecidos com nossas lareiras.”. O inverno chegando agora neste dia 20 de junho trazendo modificações climáticas severas. Em pesquisa simples, o site da prefeitura de Anápolis, em Goiás, já informa que a cidade espalhou vinte locais de coleta de agasalhos pelo município. Ainda na mesma publicação foi dito que em 2020 foram arrecadados mais de 1,2 mil cobertores e agasalhos aumentando para mais de 2 mil em 2021. Já em 2022 arrecadou-se mais de 2,4 mil peças e em 2023 subiu para mais de 3 mil. Agora, lá no município de Jacareí, em São Paulo, a “Operação Inverno 2024” já começou e o atendimento das equipes de abordagem social funciona das 19h às 22h cuja ação em si vai até o dia 15 de agosto. Dr. Rodrigo, e essa operação servirá para o quê mesmo? Caro e aquecido leitor, o objetivo da ação é ofertar (veja que isso não é impositivo, certo?!) os serviços de assistência social para que a população em situação de rua receba o tratamento adequado, em um ambiente seguro.

Portanto e por fim, ouça a canção que nos serviu de inspiração para a prosa de hoje e tenha sempre em mente, sempre mesmo que “Se eu chegar até lá, que possamos ser mais médicos e menos juízes. E, ao estarmos num semáforo, que não seja pra pedir dinheiro, mas para dar abraços!”.