Um morto muito louco

Olá, para todos vocês!! O título de nosso bate papo de hoje é de um filme lá dos saudosos anos 80 estrelado por Terry Kiser, Jonathan Silverman e Andrew McCarthy. Nessa comédia, tipicamente non sense, dois amigos precisam livrar-se de diversas situações ao lado de um morto. Cada cena um mar de risos e gargalhadas… aos que ainda não tiveram a oportunidade de assistir, que o façam. Em tempos de ódios de toda sorte e desejos estranhos ao bom viver, vale muito deleitar-se com essa sápida película cinematográfica.

Mas Dr. Rodrigo, creio já saber o porquê do título. É sobre o caso que veio lá das terras cariocas, não é? Eu não posso deixar de te aplaudir de pé, atento leitor! Seja por WhatsApp, ao vivo ou mesmo em meu perfil no Instagram várias pessoas pediram que fosse debatido o caso por aqui. E como um bom ouvinte, realizarei esse pedido. Aos desavisados ou desatentos o caso é muito, muito simples: uma mulher levou uma pessoa morta a uma agência bancária num shopping para assinar um contrato de empréstimo de R$ 17 mil. Pausa para um momento de silêncio, pois, é quase que inacreditável! (Pausa!). Voltando. Uma mulher chamada Erika de Souza Vieira Nunes levou em uma cadeira de rodas um idoso de nome Paulo Roberto Braga a uma agência em Bangu, no Rio de Janeiro. As funcionárias notaram e estranharam aquela situação toda e acionaram SAMU e a Polícia. Ao examinarem o corpo constatou, inicialmente, que Paulo Roberto havia falecido a umas 2 horas antes daquele momento. Pelas câmeras de segurança do shopping (até porque esse caso está em tudo quanto é mídia digital e impressa), nota-se a chegada de ambos, sendo que Paulo foi colocado na cadeira de rodas por Erika. O delegado do caso afirma categoricamente que já estava morto ao chegar ao banco. A defesa de Erika argumenta que ele faleceu dentro da agência e de que ela não agiu ou cometeu nenhum ilícito.

Teje presa! Devem ter gritado os policiais para Erika sob cometimento de dois crimes, sendo eles o de Furto Qualificado Mediante Fraude (art. 155, §4º, II) e o de Vilipêndio a Cadáver (art. 212) ambos do Código penal (Decreto-Lei nº 2.848/1940). Para o primeiro crime a pena é de reclusão de 2 a 8 anos e multa e para o segundo crime a pena é de detenção de 1 a 3 anos e multa. A vida não será fácil para essa pessoa. Ela terá muito que explicar. Em tempos recentes tivemos no país outros casos de vilipêndio a cadáver famosos como o de Marília Mendonça que restou na condenação do sujeito que vazou as fotos do corpo dela, também tivemos o dissabor das fotos de Gabriel Diniz onde o juiz do caso assim expressou “A natureza das fotografias expostas e os comentários realizados pelo réu através do seu perfil na então rede social Twitter demonstraram o inequívoco objetivo de humilhar e ultrajar os referidos mortos, cujas imagens invocaram grande apreço popular, circunstância que comprova o dolo inerente ao tipo penal!”. Também não nos é permitido esquecer o que disse o ex- Policial Militar, Evandro Guedes, à época de sua “aula” para concurso público. Em linhas foi assim “Meu irmão, com aquele ‘rabão’. E ela infartou de tanto tomar ‘bomba’ na porta do necrotério. Duas da manhã, não tem ninguém, quentinha ainda. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime!”. Sobre a pena para o crime de vilipêndio a cadáver foi ainda mais absurdo “Mas a pena é desse ‘tamanhozinho’. Vale a pena responder. [Será o dia] mais feliz da sua vida, irmão!”.

Perceba o leitor que os exemplos tragos foram de vilipêndio a cadáver por vazamentos de fotos, por incitação a um ato sexual com cadáver e, no caso nosso desse dia, de se levar uma pessoa morta a uma agência bancária. Todos esses pontos versam sobre o corpo humano e sua utilização indevida e criminosa. A polícia procura o motorista de app que levou Erika e Paulo para prestar esclarecimentos (isso ajudará a saber se Paulo já estava morto no trajeto). Outro fato a ser investigado é o exato grau ou não de parentesco entre Erika e Paulo. Esse caso chegou até a Inglaterra em notícia publicada pelo periódico Daily Star. Novidades virão sobre nos próximos dias. À conferir!